oAlexandre :)

Ensinar IA é obrigatório, mas saber pensar também. Reconectando intenção, empatia e criação no ambiente corporativo

A cena é cada vez mais comum no escritório:

  • “GPT, qual mesmo é 17 × 24?”
  • “Me diz quais fornecedores devo priorizar (sem anexar planilha nenhuma).”
  • “Escreve um e-mail de follow-up para o Ricardo… (quem é Ricardo? qual projeto? 🤷).”

A IA já é a primeira parada para tudo, inclusive para a correção gramatical deste texto. Mas ela vai além, da conta de padaria ao rascunho estratégico,porém ao pular direto para o prompt, muita gente esquece dois fatos básicos:

  1. GPT não tem a SUA base de conhecimento. Ele só acerta quando recebe contexto rico e explícito.
  2. Pensar continua sendo insubstituível. Usar a IA como atalho mental em tarefas triviais rouba o treino diário de raciocínio que molda bons solucionadores de problemas.

O resultado? Profissionais que terceirizam a reflexão e, sem perceber, vão atrofiando a musculatura cognitiva que os torna valiosos fora da tela. Não quero “cagar regra”, IA é inevitável, assim como “Thanos” em Vingadores, porém podemos ser melhores, podermos ter intensão.

Da “pergunta preguiçosa” ao “prompt intencional”

Hábito que observamosPor que é um problemaComo redirecionar com Design Thinking
Perguntar “qual a conta?” em vez de abrir a calculadora mentalPerde-se agilidade numérica e checagem de plausibilidade (será que 400 k no CAPEX faz sentido?)Observar antes de automatizar: pare 30s, estime. Só depois peça à IA para validar e explicar divergências.
Jogar um briefing raso no chat (“escreve um relatório sobre o projeto X”)A IA devolve texto genérico; tempo gasto editando e retrabalhandoEscutar antes de sintetizar: colete fatos, métricas, emoções dos stakeholders; organize em bullets; então peça à IA para estruturar a narrativa.
Usar GPT para decidir entre propostas sem anexar dados comparativosRisco de viés ou de recomendações inconsistentesTestar com as mãos, o coração e a cabeça: construa uma matriz simples de critérios (custo, SLA, fit cultural); alimente o modelo, peça justificativas e confronte-as em reunião.

Os impactos silenciosos de “não pensar”

Olhando para isso eu penso nas consequências que estamos plantando para o nosso pŕoprio futuro. Em uma análise rápida eu vejo 3 grandes pontos:

  • Atrofia do senso crítico – quanto menos você estima, calcula ou formula hipóteses, menos consegue detectar respostas absurdas.
  • Decisões enviesadas – ausência de contexto produz saídas plausíveis-mas-erradas; o time compra números bonitos sem lastro.
  • Perda de ownership – trocar reflexão por “prompt‐e‐cola” dilui autoria e responsabilidade pelos resultados.

Três micro-rotinas para re-treinar o cérebro (e ainda aproveitar a IA)

Não quero ser coach de produtividade nem de inteligência corporativa, todavia acho que vale seguir alguns passos antes de derreter sua consciência em prompts fáceis e respostas fáceis:

  1. Rabisque primeiro, pergunte depois.
    Faça um esboço manual da solução, seja um cálculo, um fluxograma ou uma lista de requisitos, e só então use a IA para expandir, refinar ou validar.
  2. Alimente o modelo com história, não só com pergunta.
    Ao pedir ajuda, inclua quem, o que, por quê, restrições e metas de sucesso. Se o prompt não preenche um tweet, provavelmente ainda falta contexto.
  3. Compare a resposta com seu palpite.
    Antes de ler o output, anote qual você acha que será o resultado. Esse simples “jogo de adivinhação” mantém o músculo analítico ativo e cria aprendizado imediato quando há divergência.

Ligando os pontos com Design Thinking

O Design Thinking continua sendo nossa bússola para uso consciente da IA:

  • Empatia como critério, não como dado: o modelo prevê padrões, mas só você capta as sutilezas políticas de um time ou a ansiedade de um cliente.
  • Colaboração que orquestra, não que substitui: IA agiliza tarefas, mas é o atrito criativo entre visões humanas que gera inovação sustentável.
  • Experimentação como forma de aprender: IA cria protótipos em segundos; o valor está em testar rápido, iterar e fazer novas perguntas.

Em um mundo onde quase tudo pode ser automatizado, o diferencial está na intenção e na capacidade de raciocinar antes de delegar.

Design Thinking, então, deixa de ser apenas uma metodologia e se torna um alfabeto ampliado para navegar num ambiente corporativo saturado de algoritmos: uma forma de ler e escrever futuros com consciência, criatividade e responsabilidade.

Que cada prompt seja precedido por reflexão, e que cada resposta da IA amplie, jamais substitua, o que temos de mais humano: pensar, questionar e criar com propósito.

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