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Se Linus Torvalds pode assumir que esqueceu, você também pode (deve)!

Recentemente, Linus Torvalds, o renomado criador do sistema operacional Linux, protagonizou um episódio incomum: ele simplesmente esqueceu de lançar o esperado kernel 6.14 na data planejada. Em vez de buscar desculpas elaboradas, Linus optou pela transparência:

“É segunda-feira de manhã cedo (bem cedo para mim, eu não sou realmente uma pessoa matinal), e eu adoraria ter uma boa desculpa para não ter feito o lançamento do [kernel] 6.14 ontem na minha programação regular de lançamentos de domingo à tarde.

Eu queria dizer que algo importante surgiu e atrasou as coisas. Mas não. É apenas pura incompetência.

Pois absolutamente nada aconteceu ontem, e eu estava apenas esclarecendo algumas coisas não relacionadas (…). No processo esqueci completamente de realmente fazer o lançamento.”

– Linus Torvalds

1. Por que a comunicação direta e honesta é essencial

Em um ambiente corporativo, erros acontecem com frequência. Porém, o que realmente define equipes de sucesso é como esses erros são comunicados. Comunicar-se de maneira direta e honesta evita que pequenos problemas se transformem em grandes crises. Por exemplo, se você cometeu um erro em uma apresentação ou perdeu um prazo, admiti-lo rapidamente gera confiança e permite buscar soluções imediatas. Afinal, todo mundo já conheceu aquele colega de escola cujo cachorro comeu seu trabalho—e todos sabem o quanto esse cachorro se alimenta na verdade é de credibilidade.

2. Evite floreios, tempo é dinheiro

Muitas reuniões corporativas acabam sendo improdutivas devido ao excesso de detalhes irrelevantes ou tentativas de proteger a imagem pessoal de líderes e colaboradores. É fundamental lembrar que, na reunião da empresa, o foco deve estar nos resultados para o negócio e não nas questões pessoais dos participantes. A objetividade economiza tempo, tempo de liderança que é escasso e caro, então ser objetivo garantimos mais eficiência, rapidez e economia. Afinal, todos já tiveram prazos perdidos, tanto você quanto seu colega. Reconhecer isso sem floreios e com sinceridade permite decisões mais assertivas e produtivas.

3. Desmistificando o erro e a mudança de direção

É comum associar erros ou mudanças de planos à falta de capacidade ou preparo. Entretanto, em processos dinâmicos e inovadores, essas situações são naturais e muitas vezes necessárias. O importante é não confundir dinamismo com desorganização. Grandes empresas como Netflix e Google têm uma cultura aberta ao erro produtivo, desde que acompanhado por aprendizado e ajustes claros na rota.

Aliás, isso pode acontecer com qualquer um. O atraso no lançamento do Linux 6.14, por exemplo, não gerou nenhuma grande repercussão negativa — não se tratou de um atraso significativo como semanas ou meses. O episódio, no fim das contas, serviu para demonstrar que situações inusitadas e falhas humanas acontecem mesmo nos bastidores de projetos extremamente sérios e liderados por pessoas altamente competentes, como é o caso de Linus Torvalds.

4. Humanizar o erro para aprender com ele

Reconhecer um erro de maneira honesta é uma prática saudável que evita o ambiente de acusações pessoais. Quando se admite claramente o que ocorreu, o foco sai da pessoa e passa a ser a situação em si, permitindo uma análise objetiva e evitando futuros problemas semelhantes. Humanizar erros cria uma cultura de aprendizado, mas é essencial enfatizar que humanizar não significa normalizar. Erros são eventos para aprender, não para aceitar passivamente. Para uma empresa crescer, é crucial documentar não apenas os acertos, mas também os erros, identificando claramente o que deu certo e o que falhou. Com isso, passamos a direcionar esforços para os resultados positivos e evitamos repetir caminhos que já se mostraram ineficientes ou inadequados.

5. Armadilhas das desculpas frequentes

Em muitos escritórios, frases como “já está quase pronto” ou “terminei ontem, só esqueci de enviar” são frequentemente usadas por vários membros da equipe, e eventualmente isso pode até ser verdade. Porém, sempre há aquela pessoa que repetidamente utiliza essas frases e é claramente percebida pelos demais com pensamentos do tipo “lá vem ele novamente com essa” ou “certamente ele nem começou”. Isso prejudica seriamente a credibilidade não apenas do indivíduo, mas especialmente quando este é um líder, afeta negativamente toda a equipe. Se esse comportamento é aceito como algo normal, com o tempo a expectativa sobre as entregas fica comprometida e, aos poucos, esse discurso torna-se o padrão, colocando produtividade e resultados em segundo plano. A longo prazo, o que prevalece é um ambiente de descrença e tensão, minando a eficácia geral das equipes e sua capacidade real de entrega.

6. Priorizar relacionamentos sobre resultados pode custar caro

Embora relações positivas sejam importantes, priorizar a harmonia em detrimento da verdade compromete diretamente os resultados. Equipes que omitem problemas para evitar conflitos geralmente têm dificuldades financeiras e operacionais no longo prazo. A verdadeira confiança se constrói sobre transparência e capacidade de enfrentar desafios de forma aberta.

7. Benefícios de uma comunicação franca

A comunicação franca cria um ambiente saudável onde cada colaborador se sente confortável para ser transparente sobre dificuldades, erros e conquistas. Com isso, a equipe se torna mais eficiente, já que elimina dúvidas rapidamente e reduz conflitos causados por expectativas desalinhadas. Além disso, ao se comunicar de maneira clara e honesta, a equipe acelera o aprendizado contínuo e fortalece a cultura organizacional. No fim das contas, todos ganham: líderes têm melhor gestão do tempo, colaboradores se sentem mais seguros e engajados, e a empresa colhe melhores resultados financeiros e operacionais.

8. Melhores práticas para uma comunicação eficiente

Para construir uma comunicação eficiente e lidar adequadamente com falhas, é fundamental praticar regularmente um feedback estruturado e assertivo. Reuniões rápidas, também conhecidas como stand-ups, devem ter objetivos claros e tempo limitado para garantir foco e produtividade. Além disso, é recomendável produzir relatórios concisos e frequentes sobre o andamento das tarefas, assegurando transparência. O exemplo da liderança é crucial para reforçar uma cultura transparente. Criar um ambiente seguro, no qual colaboradores possam admitir erros honestamente sem medo de punições, mas com responsabilidade e compromisso com melhorias contínuas, é essencial para o crescimento da empresa.

9. Referências práticas de gestão

  • Radical Candor (Kim Scott): Mostra como o equilíbrio entre empatia e sinceridade cria equipes de alta performance.
  • A Coragem para Liderar (Brené Brown): Destaca a importância da vulnerabilidade e coragem na liderança moderna.
  • Extreme Ownership (Jocko Willink e Leif Babin): Ensina a importância de assumir responsabilidade integral por erros e seus impactos positivos na equipe.
  • Scrum: A Arte de Fazer o Dobro do Trabalho na Metade do Tempo (Jeff Sutherland): Apresenta metodologias ágeis, onde a transparência e comunicação direta são essenciais para o sucesso de projetos. Então se você pe Líder não foque no dobro pela metada, mas sim nos rituais do Scrum.

Conclusão

O exemplo recente de Linus Torvalds nos lembra que transparência e honestidade não apenas fortalecem equipes, mas são fundamentais para o sucesso sustentável de qualquer organização. Adotar a sinceridade como princípio central ajuda a criar ambientes saudáveis, produtivos e inovadores, independentemente do setor em que se atua.

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